Cala-te
Mal abro os olhos e você já grita dentro de mim. Por fora tenho o
silêncio de quem ainda dorme, e o barulho
de quem possui um longo dia pela frente. Cinco horas da manhã, nem o sol chegou
ainda e você já por aqui.
Passo os dias
tentando me esquecer de você e é por isso que não paro de lembrar de ti. As músicas que antes serviam para me relaxar, hoje só servem para me
mostrar que nenhum som consegue abafar o seu adeus.
Muita coisa mudou
desde que você se foi, as coisas ficaram de outra maneira, uma maneira na
qual nunca me acostumei, porque você não está, e sem você não estou. Nos
conhecemos porque lhe procurei, e espontaneamente até hoje, meu corpo procura
por ti.
Fiz com que vivesse
em mim, para que vivêssemos nós dois. Estava perdida quando você chegou, e me
perdi quando foi embora. Você foi embora, mas nunca se foi. Não saiu daqui, e
continua todos os dias me dizendo bom dia, boa tarde, bons sonhos. Presente o
tempo todo, e as vezes, quando se atrasa, penso que finalmente me deixou, e é nessa hora que você aparece assim, sem mais, nem menos e me faz perceber o quanto te amo.
É tão complicado quanto resolver um cubo mágico, para uma mente inocente pensar que por ti, você
teria ido. E na verdade, você foi. Mas como você explicaria ao sol que ele não
pode mais nascer todas as manhãs? Como explicaria a noite que ela não pode mais
cair? Como eu vou explicar a mim que você se foi e não vai mais voltar? Cala-te
em mim para que eu tenha voz.
Uma musiquinha para ajudar
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