Pena & Tinta: Um dia frio em julho



"O inverno chegou e tudo desmoronou. Eu me pergunto porque no inverno. Porque na minha estação favorita?
 
É lua cheia e meus braços estão vazios. Todas as noites eu supliquei e chorei, mas você sempre disse que o dia em que me deixaria, seria um dia frio em julho. Suas malas estão feitas, nem uma palavra é dita, acho que dissemos tudo em um único "Adeus".

Mas eu superei, aliás, eu fui obrigada a superar. Ergui a cabeça e segui em frente. O sol nasceu e com meus pés descalços,  fico parada na janela vendo aquele mesmo caminho, o caminho pelo o qual você me deixou. Não posso suportar mais. Dou as costas e fecho a janela, eu não me importo.

Não posso esquecer aquele dia. Mesmo agora, eu estando livre, ainda me lembro de todo sofrimento em que você me fez passar.  Todas as lágrimas congeladas em um inverno infernal. Você disse que ficaríamos juntos para sempre, disse que nosso amor nunca morreria, o que me lembra a primavera e seus dias ensolarados, cheios de flores. Mas agora, é só mais um dia frio em julho.

Minha alma congelou, e meu pensamento parecia uma explosão de gelo, mas o passado está no passado. O que era para ser o nosso presente, agora é passado. Um passado que todo inverno eu me lembro. Me lembro do seu sorriso, seu abraço, do amor que existia entre nós.

O que era para ser uma estação do ano, virou um álbum de fotografias, de memórias, de momentos e emoções vividas. Porque na minha estação favorita?"

Acordei assustada. Abri os olhos e olhei para o lado esquerdo onde você dormia. Você estava lá. Nada aconteceu, foi um sonho. Te abracei e te disse que te amava, você fez o mesmo.

Então, tomamos nosso café, nossa rotina era a mesma de sempre. Você saiu para trabalhar, enquanto eu fiquei cuidando das crianças. A neve caia lá fora, enquanto nos esquentávamos com um chocolate quente. Horas se passavam, e nada.

Quando me deitei para dormir, recebi uma ligação. O inverno chegou e tudo desmoronou. As lágrimas caíam sobre o seu corpo, o carro em pedaços se espalhava pela estrada. No bolso da sua jaqueta azul marinho, encontraram a carta. Você não aguentou a vida, assim como eu não aguento todos os dias. Você preferiu seguir pelo caminho mais fácil. Você escolheu assim, e eu não pude fazer nada.

Nosso amor vai ser eterno, como uma tarde de verão: quente e marcante. Irei guardar aquela sua coleção de selos, e suas roupas preferidas. Vou guardar no meu coração tudo o que vivemos.

Na estrada vazia, no meio da noite, pego me celular e confirmo o que eu havia imaginado: era um dia frio em julho.



Esse post faz parte do projeto Pena & Tinta, um projeto de escrita com o objetivo de criar textos a partir de um tema predeterminado. Para participar é só acessar o Facebook 

Leia também, outros textos sobre as quatro estações: Bibliophiliarium , Girl from Oz , Percepções , Vanille Vie , Um pé no chão basta e Refúgio






Comentários

  1. Nossa, que texto intenso. Me arrepiei toda enquanto lia. Parabéns!
    Beijo

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  2. Nossa, adorei! *O* É intenso, como disse a Cecília e você conseguiu isso através de palavras tão bonitas, tão fortes; quente e marcante, lágrimas congeladas! Adorei a relação criada com o tema do mês, e é ótimo ver como a gente consegue transformar algo tão comum como as estações em algo tão novo! Parabéns! *-* Beijo!

    Tici | www.bibliophiliarium.com

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  3. Tici ! Obrigada ! E principalmente, obrigada por criar esse projeto maravilhoso <3 Estamos todas felizes e orgulhosas ;)

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