Pena & Tinta: Em meio aos discos de vinil

 
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Estava deitada na cama em mais um dia frio em junho. Aqui nós só temos duas estações: verão do inferno e frio do Alasca, e nós estávamos exatamente nesse frio do Alasca. Então estava toda enrolada em meio aos edredons, quando vi a longe a minha coleção de discos de vinil. Ela tinha se tornado minha por algum motivo.

Calcei o chinelo mesmo com meias, o que era totalmente brega, continuei com o cachecol no pescoço e decidi pega-lós. Na hora, a nostalgia tomou conta de mim. E o mais engraçado, é que era uma nostalgia que eu nem havia participado! Na minha época, os disco já eram um pouco extintos dando lugar aos famosos CD's e fitas cassetes. E hoje em dia, nós só temos as músicas baixadas pela internet mesmo. Que louco não? Como a sociedade e os costumes mudam ao longo dos anos! Por isso acredito que o ontem já faz parte da nostalgia de alguém. Já pensou para parar nisso? Tudo o que ficou para trás ontem, já é passado. Já foi. Já acabou.

Então fiquei olhando aqueles discos de vinil que, provavelmente, tinham pertencido a alguém da família, e mergulhei naquele passado e naquele sentimento. Provavelmente alguém tinha escutado eles em um dia frio do Alasca como aquele. Escutado em um dia de verão enquanto as crianças brincavam na rua, ou então com aquele solzinho e todas aquelas flores da primavera. É incrível pensar como aquilo tinha se tornado antigo, velho, de outro século, e que só restaram lembranças nostálgicas que viviam na cabeça das pessoas.

Refleti durante um bom tempo e até coloquei o meu preferido para tocar: (sim, eu tinha um preferido) The sound of music. Logo fui tomada por aquela sensação de saudades de alguma coisa que eu não vivi. Tenho certeza que nasci na época errada, ou então, era reencarnação de alguém, porque nada mais explicava aquela saudade.

Em pleno frio daquele e vestida do jeito mais brega possível, fui entendendo que a vida é só uma passagem e só um curto espaço de tempo em que vivemos. Então porque não aproveitar loucamente? Pensar que todos aqueles discos de vinil já tinham se transformado em nostalgia para alguém, me fez querer criar a minha própria nostalgia, com momentos bons e pensamentos positivos.

Quem sabe alguém no futuro também não pegasse as minhas coisas em um dia frio do Alasca e ficasse com aquela mesma saudade? Só sei que eu tinha que deixar minha marca no mundo, e eu ia começar exatamente agora.

Esse post faz parte do projeto Pena & Tinta, um projeto de escrita com o objetivo de criar textos a partir de um tema predeterminado. Para participar é só acessar o Facebook .




Comentários

  1. O melhor do Pena & Tinta está além das escritoras maravilhosas que a gente descobre em cada uma de nós. Está nessa coisa de cada um interpretar e sentir o tema de uma forma diferente. Já li sobre nostalgias tristes, nostalgias alegres e agora, sobre nostalgias de um tempo, de um história que não foram vivenciadas. E eu acho isso tudo muito incrível. Adorei seu texto, Isabella :)
    Beijo

    www.blogrefugio,com

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  2. Oooi, Isa! Como cê tá? Menina, posso te falar que esse texto é muito a sua cara? *O* Principalmente no final, quanto você fala em deixar a sua marca no mundo e se tornar a nostalgia de uma outra pessoa. Também quero ser assim! <3 Beeijos e muito obrigada por ter postado no Pena desse mês!

    Tici | www.bibliophiliarium.com

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  3. Adoro os meus discos de vinil, mas eu vivi essa época com meus 45 anos. Até o cheiro me faz lembrar dos momentos bons que vivi, nas festas, com os amigos, em casa no dia de fazer limpeza... rsrsrs... Lindo texto Be ! Me emocionei... Beijo

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