Viva a vida !



Há mais ou menos dois meses, uma amiga minha me emprestou um livro chamado "O Mundo de Sofia". E eu, apaixonada pelas áreas do conhecimento humano mais a literatura, me embeveci. Desde as primeiras páginas, a obra me pôs a refletir sobre o que é a vida. Daí, não passa um dia em que eu não pense em como as pessoas desperdiçam seu tempo tentando fazer coisas grandiosas sem olhar para o sol antes de sair de casa, em como estão consumidas pelos paradigmas sem questioná-los. Isso é muito triste.

Eu, particularmente, tenho tido dificuldade em aceitar qualquer coisa que me digam. De uns tempos pra cá, só acredito no que quero. Porque cansa disseminar discurso alheio e enaltecer as palavras que agradam os ouvidos mas ferem a alma. É exaustivo lidar com a generalização, o padrão, o correto, o aclamado. E a crença doentia que sugere que tudo isso é normal só me faz perceber o quão longe as pessoas estão de si mesmas e o quão elas se perdem dentro de si mesmas. Sempre ocupadas com as mesmices cotidianas, presas a um emaranhado de dias nublados que fazem com que elas implorem pelo final de semana. Mas a vida não pode ser vivida apenas em intervalos miseráveis. Por isso, Antoine de Saint-Exupéry escreveu com tanta destreza "O Pequeno Príncipe". Sem dúvida, todos têm dentro de si a criança que foram uma vez, mas o valor da simplicidade parece não prevalecer. Falta nas pessoas a habilidade de se encantar novamente com as borboletas que pairam sobre as flores, com o vento que sopra o cabelo e com a chuva. Falta sentir a chuva. Falta mudar o caminho de ir para casa, mudar o cabelo, mudar o estilo, a opinião. Falta sair para dançar, beber cerveja em vez de vodca, doar em vez de vender e correr o risco em vez de correr do risco. Falta o hábito de conversar sobre ideias e não sobre o vizinho. Nunca acaba a graça no mundo quando se tem curiosidade. 


A má notícia é que a vida acaba. E junto com ela, somente o seu corpo deve ir. O seu sonho de viajar o continente europeu com mochila nas costas, a sua vontade de ajudar crianças carentes e o seu pedido de perdão ao seu pai devem ficar. O que te constrói como ser humano deve ser realizado. Agora. Não no final do ano. Confesso que eu também devo isso a mim e ao mundo. Afinal, também sou parte de um sistema. Mas quando o assunto é tempo, não pode existir espera que se faça maior do que o intervalo de pensar e agir. Faça, diga, escute, fique, vá, conheça, descubra e ame. Ame os seus dias mais do que a si mesmo. Ame a contagem regressiva que a vida colocou na sua frente, a que você se nega a ver. Ame suas conquistas e seus problemas, mas ame mais ainda as soluções. Porque enquanto há tempo, há oportunidade. Do contrário, nada virá à a sua mente antes do sono eterno senão arrependimento.



- Mari Sanches

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