Happy Halloween


PARTE 1 - Lindsey


 
Quatro amigas entediadas em um halloween. E esse é o início da história que contarei a vocês.

Não há muito o que se fazer em uma cidade pequena, nem mesmo o dia das bruxas animava as pessoas a saírem.

Sempre fui muito animada, muito curiosa, essa paradeira não combina comigo! Ainda bem que Nina, Olivia e Madison gostavam da minha agitação.

Dia 30 parecia ser um dia normal, mas eu sentia que queria mais. Eu precisava de adrenalina. Eis que o grupo inseparável resolve sair pelas ruas praticamente desertas da cidade. Puxo Madison pelo braço:

- Mad, você ainda tem a chave da casa desocupada dos seus avós? - perguntei.

- Claro, preciso de um lugar para fumar minha maconha em paz. - disse Madison.

- Certo, é pra lá mesmo que nós vamos! Vou ligar pro Adam e pedir pra ele levar as vodkas - exclamei.

Estávamos decididas a passar a noite lá, bêbadas. Estava muito frio e eu só pensava no Adam arrancando minhas roupas sem piedade. Isso estava longe da realidade, mas tudo bem, ainda poderia ficar bêbada e esquecer disso.

Chegando na casa, estava tudo tão empoeirado que abri todas as janelas. Só algumas luzes funcionavam, então resolvemos ficar no quarto do segundo andar.

PARTE 2 - Olivia


"Obrigada Deus pela idéia da Lindsey !", pensei.

Fazia tempo que eu não embarcava em uma aventura, se é que aquilo era uma aventura. Nenhuma de nós sabíamos o que seria daquela noite, só sabíamos que era uma ótima ideia.


- Porque só as luzes do segundo andar funcionam Mad? - perguntei, aflita.


- Como eu vou saber, Olivia? Há anos não venho aqui, desde que eu era pequena - respondeu Madison.


Era uma casa assustadora, não se podia negar. Ainda mais pelo fato de ser abandonada. Não sabemos muito sobre a avó de Madison, mas sabíamos que ela tinha sido criada ali com a mãe. Como a casa era uma herança deixada pela bisavó de Mad, a avó passou toda a vida lá, inclusive com o marido na época em que se casou.


Haviam algumas coisas na casa ainda, principalmente móveis. Me interessei pela penteadeira antiga que estava no canto do quarto em que estávamos. Não pensei duas vezes e fui até ela.


Apesar do pó e das grandes teias de aranha que grudavam no espelho, podia-se perceber que a penteadeira era dos anos 30 ou 40. Era maravilhosa, e não pude deixar de reparar em cada detalhe. Abri a terceira gaveta quando tive uma grande surpresa.


- Hum, Mad? Ainda tem documentos nos móveis dessa casa? - perguntei a Madison que já estava com sua maconha acessa.


- Claro que não! Quanto a Nana morreu, mamãe tirou tudo da casa. Esses móveis ficaram aqui por causa da qualidade. Já estão muito velhos, não teríamos o que fazer com eles - respondeu Madison.


- Hum.... Achei um papel dentro dessa gaveta - disse, hesitando um pouco.


- O que?? Me dê! - disse Mad.


Nos reunimos em um semi-círculo e abrimos o papel dobrado, em 4 partes, juntas. As bordas amareladas e a finura do papel quase não nos deixavam ler o que estava escrito, era uma letra meio ilegível. Mesmo assim, percebemos que era uma carta datada de 1953. Apesar de ainda estar de dia e as janelas estarem abertas, o sol começou a se pôr e tivemos de acender todas as luzes possíveis.


- Não consigo entender mais nada a não ser a data - disse Nina.


- Não consigo enxergar, não consigo entender a letra - alegou Lindsey.


- Engraçado... Não sei o que poderia ser isso, nunca vi nada parecido na minha vida! - disse Madison.


- Espera, olha aqui embaixo: é um "S" e um "O" - disse.


- Parece "Socorro" - palpitou Lindsey.


- É "SOCORRO"- disse Madison, espantada - EU SEI, EU SEI O QUE ISSO SIGNIFICA, CLARO, COMO PUDE ESQUECER ? - completou.


Madison era a mais corajosa e destemida de todas nós. Nada a abalava ou coisa parecida. Por isso, comecei a ficar assustada com seu tom de voz - alguma coisa estava acontecendo.


- Mad, o que ? - perguntei, ofegante.


- Preciso contar uma coisa.. - respondeu Mad, ainda com os olhos extremamente estalados.


Sentamos todas no chão. Madison no meio.


- Minha mãe me contou isso quando eu era muito pequena, então não dei a devida importância. Quando minha avó se casou, ela não era feliz. Vivia às ordens do marido, vivia a vida que ele gostava de ter. Ela sofreu, sofreu demais. Ele a agredia, a maltratava. Um certo dia, minha avó teve um ataque de nervos - o atacou com uma faca. Mamãe disse que acertou a barriga. Vovó ficou tão assustada que fugiu da casa. Ela não teve coragem de voltar aqui,então ficou morando com a gente até falecer. Ninguém nunca soube o que aconteceu... Bom, o que aconteceu com ele - contou Madison.


- Não acredito, Mad! Que coisa horrível! - disse eu.


- Ele morreu? Ah, meu Deus! Tive a ideia de traze-lás para uma casa onde houve um assassinato?!

Meu Deus, me desculpa - disse Lindsey.

- NÃO, CALA A BOCA LINDSEY! Parem. Minha avó não é uma assassina, não pode ser. Eu não acredito que ele tenha morrido - disse Madison, completamente em pânico.


De repente, uma pedra quebrou uma das janelas. Demos um pulo de susto. O que era aquilo? Quem estava lá embaixo?


- O QUE É ISSO? - perguntou Nina, nervosa.


- SE ACALMEM. Vou olhar - disse Madison.


Era Adam. Ele havia chegado com as bebidas. Isso era jeito de nos chamar? Não podia simplesmente ter tocado a campainha?


- Adam! Espera, já vou descer - disse Lindsey.


Quinze minutos depois, Lindsey voltou, completamente vermelha e bufando.


- Vocês acreditam que ele foi embora?! AQUELE IMBECIL... ELE ME PROMETEU QUE IRIA FICAR - disse Lindsey.


Ela não admitia, mas estava apaixonada por Adam. Eles já tinham dado uns beijos, mas Lindsey esperava avançar alguma fase.


- E os meninos? Não vêm? - perguntei.


- O Adam disse que ele e os meninos arranjaram uma festa para ir. JÁ IMAGINO AQUELE BANDO DE VADIAS! - respondeu Lindsey.


- Espere... Isso quer dizer que vamos ficar sozinhas a noite toda? - perguntou Nina.



PARTE 3 - Madison

Esses garotos, puff. Eu já tive uma leve premonição sobre o "bolo" que eles nos deram. São uns idiotas. E a Lindsey... Vai demorar, mas ela vai acabar entendendo que esse lance com o Adam não vai avançar. Sem contar que isso tudo foi ideia dela: vir aqui na casa da minha avó, as vodkas e os garotos. E agora que está começando a ficar interessante, a Nina está com medo.

- É, Nina. Mas não há o que temer. Eu sei que a casa não é de todas a mais bonita e iluminada - o que me assusta um pouco também -, porém, ficaremos unidas. E, também, o que é uma noite de Halloween sem uma dose de adrenalina, han? - tentei confortá-la.

- Não adianta nada estarmos todas unidas se alguém de força maior nos intimar - disse Nina, já muito descontente com a situação.

- Do que você está falando? - Lindsey começou a mostrar um ar de arrependimento por ter tido aquela ideia, que não devia ter chegado a esse ponto.

- Estou falando que, apenas talvez, o avô da Madison ainda more aqui... - Nina joga as cartas na mesa.

Nesse momento, todas se olham à espera de respostas uma das outras e para todo o redor delas, como se desconfiassem ou sentissem energias ruins. Enquanto a mim, eu só conseguia olhar frente e verso daquele papel "misterioso". Talvez eu estivesse começando a encaixar as peças no tabuleiro. Mas eu não queria comentar nada por conhecer minhas amigas e saber que elas são medrosas, portanto, resolvi dispersá-las a atenção:

- Calma, meninas. Vamos explorar a casa. Eu trouxe uma lanterna para o caso de escurecer e não ter luz.

- Para descobrir se o teu avô ainda mora aqui? - consegui captar um certo desespero nos olhos de Olivia, mas nada que a impedisse de enfrentar seus medos mais profundos. De todas as garotas, ela era a menos medrosa. Sinto que ela já tinha alguma suspeita do que estava acontecendo.

- Não, Oli. Ele não mora aqui. Sabe, me admiram vocês acharem que alguém conseguiria viver em uma casa tão inabitável e velha como esta. - respondi, na tentativa de amenizar o medo nos olhos de todas elas. Tudo bem que, se eu não estivesse chapada, sentiria mais compaixão e amor à vida e não decidiria descer as escadas para o porão da casa. E poderia dizer que já estava cansada de fingir que nada aconteceu ali e que a minha mãe não sente mágoa do pai por ter sido um cretino. Mas a história vai muito além de um marido machista e uma mulher "indefesa" - no caso, minha avó.

- Olha, Mad, não vai rolar. Eu realmente não estou a fim de descobrir o que tem naquele porão. Isso tudo é uma grande loucura! Quer dizer, é a sua cara mesmo nos trazer até aqui, inventar essas histórias para nos espantar enquanto você se diverte e ri por dentro, chapada e com esse olhos caídos - Nina preferiu descontar sua descarga de adrenalina em mim.

- Eu podia até ter "cara de trazer vocês aqui para assustá-las" se a ideia de vir pra cá não fosse da Lindsey. Ninguém achou ruim quando os garotos falaram que viriam, não é? Pare de ser infantil. Até ter medo de bicho papão é mais compreensível do que uma casa que simplesmente está aqui há mais da metade de um século. Se você não quiser entrar no porão, fique aqui, nos esperando.

Cansei dessa cena dramática toda vez que nos deparamos com algo relativamente "horripilante". Nina sempre faz dessas. Agora, ela sabe que não dou mais trela. Além do que ela nem teria que esperar muito, já que estávamos a cinco passos do porão.

- Tudo bem, eu fico. Boa sorte! - ironizou Nina.

- Relaxa que a gente já volta, tá bem? - disse gentilmente Lindsey, acalmando os nervos da amiga.

- É, Nina, fique aí de vigia. Se ver um fantasma, não saia correndo sem nos avisar antes! - debochou Olivia.

- Pode deixar que é exatamente isso que irei fazer, Oli. - Nina já estava perdendo a paciência

Estávamos apenas com uma lanterna, sete dólares, duas garrafas de vodka e milhões de curiosidades sobre o que nos aguardava logo abaixo.

- Não sei se fizemos certo em deixar a Nina Medrosa lá em cima, sozinha. Será que não devíamos nos dividir? Eu fico com ela e vocês descem. - sugeriu Lindsey.

- Por que? Está com medo? - provocou Olivia.

- Não, só estou preocupada com a menina, coitada. - Lindsey não queria admitir mas estava arrependida de tudo aquilo. Bem, agora era tarde.

- Ela vai ficar bem. - respondeu com frieza e certeza Oli.

Chegando ao porão, além de teias de aranha, ratos e baratas, pude observar uma infinidade de papéis escritos a mão, todos com a mesma assinatura.

- Gente, olhem só. - chamei a atenção das meninas para as cartas, já que estavam mexendo em outros objetos velhos e empoeirados.

- Nossa, que letrinha feia. Quem escreveu isso? - Olivia começou a se sentir imune à situação, provocando e debochando.

- Não sei, Oli. Esta assinatura, sabe... Não me é estranha. O problema é que não consigo ler nitidamente o nome, está muito pequeno. Se eu tivesse uma...

- Lupa? Aqui está, Mad - Lindsey me surpreendeu.

- Onde achou isso? - perguntei.

- Ué, ainda não percebeu? Essa casa esconde muita coisa e a cada passo, uma surpresa. Essa lupa estava aqui, debaixo desse armarinho.

- Boa, Lindsey! - fiquei empolgada. Ao começar a ler a carta, minhas mãos e pés esfriaram. A dor de cabeça veio como uma bomba e fiquei tonta.

- Calma, Madison! O que foi? - desesperou-se Lindsey.

- Eu... Eu não sei, é só que... Eu estava certa.

- Sobre o que, Mad? - indagou nervosa Olivia.

- A minha... minha avó... ela é... era... ai, meu Deus! - Era muita informação a processar num espaço muito curto de tempo. Minhas mãos estavam suando e eu, por algum motivo, já tive essa sensação antes. As meninas estavam entrando em desespero maior ainda e resolveram chamar a Nina. Enquanto isso, eu sentei na escada e olhei fixamente o chão, num estado de modo de espera do cérebro. Era como se eu sentisse alguma presença ali mesmo, ao meu lado. Poderia ser meu avô, vivo ou morto. Ou o espírito de minha avó. Mas o que mais me prendia àquela escada, apoiando os braços nas pernas e as mãos na cabeça, era o que li na carta.

- Mad, Mad! O que houve?? - desceu as escadas correndo Nina.

- Ela leu a carta e começou a ficar pálida e parecia que ia desmaiar! O que faremos agora, ao meio da noite? - suava frio Lindsey, cada vez mais arrependida.

- Ei, vamos manter a calma. Olha só, Mad, nos explique o que está acontecendo. Viu algo? Ouviu? Sentiu? - confortou-me Olivia.

- Ok... É... Eu estou em pânico. Esta carta é exatamente o que eu precisava para entender os problemas da minha família. E o meu também.

- Nos conte, pelo amor de Deus! - implorou Lindsey.

- Vocês nunca poderiam desconfiar por causa dos remédios, mas eu tenho Transtorno Bipolar e, antes de vocês me conhecerem, eu tomava antidepressivos com vodka e... Maconha. Eu era virada e toda perdida na vida. Isso foi quando minha avó morreu. Minha mãe é médium. Ela fala que vê, todas as noites, a imagem dela, sentada na cabeceira da cama, pedindo-a ajuda com uma frase mais ou menos assim: "Eles me querem aqui e eu não estaria aqui se não fossem eles. Por favor, minha filha, me tire daqui. Só você pode me ajudar. Eu não irei embora se você não me tirar daqui". É engraçado porque, era pra ser assustador, mas eu estou me sentindo tão aliviada. Esta carta fala exatamente disso. Olhem só essa última frase. É a mesma que ela repete à minha mãe.

- Você está dizendo que ela era louca? - Olivia se interessou.

- Minha avó poderia simplesmente ter um sangue tão frio a congelar para matar meu avô, mas foram vozes que a mandaram fazer isso.

- Vozes, Mad? Quer dizer que sua avó ouvia vozes?

- Eu tenho quase certeza que sim, Nina. Ela havia passado, entre a sua juventude, por alguns hospitais psiquiátricos à espera de tratamento para esquizofrenia. Segundo registros desses documentos e cartas, ela já tentou tirar a própria vida, alegando ser em virtude de seu amor por George.

- Quem é George? - indagou Lindsey.

- Meu avô se chamava George. Ou se chama George, enfim. Eu não sei o que pensar direito, mas chego à duas conclusões: eu estou muito aliviada e se as vozes não fizessem minha avó matar George, elas a fariam matar a si mesma. Acho que ela não tinha escolha.

- Isso está muito confuso. Por que ela mataria a si mesma por amor a ele, sendo que ele a maltratava? - analisou Olivia.

- Ela o amava. Mas uma hora as dores de quem você ama, acabam te querendo fazer com que a pessoa sinta o mesmo. Foi uma autodefesa. Além do que, acredito que a intenção dela não era matar ele. - eu estava bem, mesmo sentindo uma presença sobrenatural por perto e encaixando tanta informação que, antes não faziam algum sentido na minha vida.

- Você está bem? Quer ir pra casa? Quer dizer, claro que você quer, não é? Vamos sair daqui, Mad! - disse Nina.

- Calma, antes a Madison precisa respirar fundo e tomar uma água, porque ela está realmente muito pálid... Ahhhhhhhhhh!! - se espantou Lindsey.

De repente, ouvimos um chiado. Tocou uma música de época, o que parecia ser Frank Sinatra. A melodia de "I got you under my skin" vinha duma parte não iluminada do porão. Quando incidi a luz da lanterna na direção do som, vimos que era um rádio antigo que ligara sozinho. Entramos em pânico, mas não conseguíamos sair dali pois a porta havia sido trancada. Quem fez isso? A Nina não estava mais de vigia e a luz da lanterna estava cada vez mais fraca. Aquela sensação de presença não humana ainda me atormentava.


 

PARTE 4 - Nina

Estávamos TODAS assustadas, sem brincadeira. Tudo bem que eu sou a mais cagona de todas, mas ver as meninas extremamente assustadas, me deixou com o coração na mão.

Depois do desespero, conseguimos destrancar a porta do porão (que havia sido trancada por fora) e subimos correndo para o segundo andar. Eu estava eufórica.

Nem preciso comentar que já era 4:00 da manhã e não conseguíamos dormir né ? Arrumamos "camas" no chão e deitamos juntas, uma do lado da outra. Mas o medo era inevitável.

- Não consigo parar de pensar o que foi aquilo... - disse Olivia.

- Nossa, sério meninas, me desculpem ! Isso tudo foi ideia minha e olha só no que deu... Estraguei tudo, sempre estrago ! - implorava Lindsey.

- Não amiga, não foi culpa sua. Todas nós procurávamos por aventura não é ? Recebemos o que pedimos - comentei tentando tranquiliza-la.

Madison estava calada. Não sei o que passava pela cabeça dela, não mesmo. Ela era a mais enigmática de todas nós, e deu para perceber que toda a história da avó mexeu muito com ela.

- Madison... - chamei.

- Não fala nada por favor, estou pensando - respondeu Mad.

Depois de 10 minutos quietas, Madison finalmente falou.

- Quero andar mais pela casa, uma vem comigo e duas ficam aqui. Quem vem ? - disse.

- Cara, eu vou, eu estraguei tudo. A Olivia fica aqui com a Nina cuidando de tudo - disse Lindey.

- Ok, se não voltarmos em 10 minutos, vocês podem ir atrás de nós. Mas aconteca o que acontecer, não se separem das duplas ! - ordenou Madison.

Depois de todas nós concordarmos, mesmo apreensivas, as meninas partiram e eu fiquei com a Olivia no quarto.

- Ela é louca ! Depois do susto que levamos, nem sabemos o que era, pode ser um ladrão ou coisa pior ! - disse Olivia.

- Só espero que ninguém se machuque - respondi.

Quinze minutos depois, Olivia disse que deveríamos ir atrás delas e ver o que aconteceu. Estávamos ficando preocupadas.

- Olivia pelo amor de Deus, não me solta ouviu !!!

- Nem você Nina, e se acalma por favor - disse Olivia.

A casa tinha a iluminação fraca, e como Madison tinha trazido lanternas, estávamos só com aquela luzinha inútil.

Ficamos andando no corredor extremamente assustadas. Nenhum sinal das meninas por lá. Descemos para o primeiro andar, que não possuía iluminação nenhuma.

- Ouviu ? Ouviu isso ? - perguntei.

- SIIIIM, são elas ! Estão na cozinha eu acho ! - respondeu Olivia.

- MEU DEUS GRAÇAS A DEUS SÃO VOCÊS ! - exclamou Lindey me cegando com a luz da lanterna.

- O que aconteceu ? - perguntou Olivia tremendo.

- Nada, decidimos descer para o primeiro andar e ouvimos um barulho na cozinha. E não tinha nada aqui, a janela está aberta, acho que foi o vento - respondeu Lindsey.

Madison continuava mais calada do que nunca.

- Então vamos voltar para cima e deit...

- O QUE FOI AQUILOOOOOOOOOOO ? - gritou Madison.

Um vulto passou pela porta da cozinha. Estávamos tremendo, congeladas. Madison nos puxou para a porta. Estávamos de mãos dadas.

- Pelo amor de Deus tenho que ver o que é isso - disse Madison.

- QUEM ESTÁ AI ? RESPONDA ! ESTAMOS ARMADAS ! - gritou Olivia.

Um homem apareceu. Pálido. Fraco. Uns 90 anos eu diria. Horrível. Assustador. Segurava uma faca nas mãos.

- Sabia que um dia você apareceria Madison. Te espero desde que sua avó tentou me matar - disse ele.

Madison estava na nossa frente, mas eu podia sentir a tensão no corpo dela. Estava paralisada.

- O QUE VOCÊ QUER ? O QUE VOCÊ QUER COMIGO ? EU NÃO TIVE NADA A VER COM O QUE MINHA AVÓ TE FEZ - gritava Mad.

Era o avô de Madison. Vivo. Talvez morando naquela casa abandonada a anos.

- VOCÊ É LOUCO ! SEU DOENTE ! - gritava Olivia.

- Mas eu vou me vingar Madison, e vou fazer isso usando você - disse ele.

- NÃAAAAAAO, NÃO, SAI DAQUI SEU LOUCO ! - gritei.

Madison começou a se aproximar dele. Não sei descrever o pânico que estava sentindo aquela hora. Tinha certeza que alguém iria se machucar, que alguma coisa ruim ia acontecer.

- COOOORRAM ! - gritou Madison se atirando para cima do avô.

- MADISON ! - gritei, mas Lindsey me puxou pelo braço.

Não fugimos da casa ou coisa parecida. Não iríamos deixar Mad sozinha. Ficamos na sala ouvindo barulho de luta, como se ela estivesse atacando ele.

- Vamos ligar para a polícia ! - disse.

- MEU DEUS NÃO AGUENTO ISSO ! MADISON ? MADISON ! - gritou Olivia.

Madison correu até a sala ofegante. Estava sangrando.


PARTE 5 - Lindsey

- Madison pelo amor de DEUS ! VOU NA RUA CHAMAR UM MÉDICO, ALGUÉM - disse.

- Não, calma. Ele acertou meu braço. Calma, estou bem - disse Madison com a voz rouca.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI ? OUVI GRITOS.

- ADAAAAAAAAM ? - exclamamos todas juntas, chocadas.

- Eu e os meninos decidimos passar aqui e ver como estavam. O Brian está no carro com o Peter, ele está podre de bêbado. MADISON VOCÊ ESTÁ SANGRANDO ? - disse Adam.

- Esta tudo bem Adam - disse Madison.

- Você não sabe o que aconteceu ! O avô da Madison está aqui, ele quer mata-lá, ele quer nos matar Adam ! - disse chorando.

Todo o medo desapareceu quando Adam chegou. Me sentia segura. Me sentia protegida como se nenhum mal pudesse acontecer.

- CUIDADO ! - gritou Nina.

O avô de Madison estava atrás de nós.

- NÃO, NÃO POR FAVOR ! - dizia Olivia aos berros, já começando a chorar.

- HAHAHAHAHAHAHA

Adam estava... rindo ? Ele era o que, idiota ?

- HAHAHAHAHAHAHA - riu o avô de Madison.

- Nossa vovô, não sabia que você era esse ótimo ator ! - disse Adam.

- O QUE ???????? O QUE ESTÁ ACONTECENDO ? - gritei enfurecida.

- MADISON ?????????!!!!!! - gritou Nina.

Madison se aproximou de Adam e seu avô. Caminhava confiante, como se estivesse em uma passarela.

- Bom trabalho meninos ! - disse ela.

- O QUE ? MADISON, VOCÊ PLANEJOU TUDO ISSO ? - disse Olivia limpando as lágrimas nas bochechas.

- Vocês queriam aventura, não queriam ? Foi isso que dei a vocês - respondeu Madison rindo.

- Mas O QUE ? E TODA A HISTÓRIA DA SUA FAMÍLIA ? - perguntou Nina.

- Tudo verdade. Mas meu avô morreu a 10 anos atrás. Nossa Olivia você sabia disso ! Como não lembrou ? HAHAHAHA - respondeu Mad.

Olivia estava com sangue nos olhos.

- Adam, você... Porque você fez isso ? Porque concordou com ela e me assustou dessa maneira ? - perguntei extremamente desapontada.

- Porque você me ama... e eu te amo idiota ! - respondeu Adam.

Ele me beijou. Um beijo longo e quente. "Finalmente", pensei.

- Madison você é o demônio ! - disse Nina.

Eram 7 da manhã quando estávamos saindo da casa para irmos embora finalmente. Adam e eu estávamos abraçados.

 

- HAPPY HALLOWEEN VADIAS ! - piscou Madison.

 

E agora estou aqui, escrevendo essa história um ano depois. Nina e Olivia estão ótimas, ambas entraram na faculdade. Madison se mudou para outra cidade com a sua querida maconha e sua querida família, ela começou um tratamento contra seus transtornos. Eu e Adam continuamos juntos depois de um ano. UM ANO ! Nossa... passou rápido !

Mas nunca mais vou esquecer aquela noite. Apesar dos sustos e dos apuros que passamos, foi aquilo que nos juntou ainda mais como amigas. Ficamos putas com a Madison e o Adam durante uns dias, mas passou. Mas sabe qual é a verdade mesmo ? Eu passaria por outra aventura (ou diria, pegadinha ?) dela. Ninguém sabe o que pode acontecer em uma cidade pequena, na noite de halloween.


-Isa -Mari -Julia

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