Hoje não, vadia.

 
Não, o problema não era eu. Reconheço que fui forte o suficiente para não me entregar às garras das suas maldades. Reconheço que, apesar das duras recaídas, eu soube exatamente como me levantar sem a ajuda de ninguém. Porque eu definitivamente não preciso disso. Mas eu gostaria que você soubesse que eu também não precisava das suas ofensas para me sentir daquele jeito: desolada, sozinha e diferente. Ah, como eu me sentia diferente.

Aliás, coisa que você fazia questão de me lembrar todos os dias. Insultos, risadas, apontamentos, deboches. Se você imaginasse, por um segundo, a vontade que eu tinha de sair correndo e fugir de tudo aquilo, eu aposto que pensaria duas vezes antes de me ofender com a sua pseudo-superioridade. Eu aposto que não hesitaria em se menosprezar, tomar remédios para emagrecer a todo custo - mesmo que isso te custasse a vida. Mas era comigo, certo? Aí era bem mais fácil.

E você tinha razão. Eu era diferente. Quando comecei a me convencer disso, as coisas melhoraram. Vi que, se eu tinha alguma dívida com você, foi a de não ter te agradecido. Então, aqui deixo pra você o meu muito obrigada. Obrigada por me fazer enxergar que eu não preciso ser rotulada por mediocridades impostas pela revista que você assina, para ficar por dentro dos padrões. Obrigada por me fazer perceber como foi bom não ter sido aceita pelo seu clubinho encantado, cheio de garotinhas fúteis e irritantes. Mas muito, muito obrigada por ter sido tão cruel comigo.

Eu digo que sou forte por não deixar a aparência tomar conta de quem eu sou intrinsecamente. Por não admitir que o número da balança passe de apenas um número. Por andar de cabeça erguida, ouvidos tampados e sorriso aberto. É por isso que você não me derruba mais. Hoje não, vadia.

-Mari -Julia

Via: http://umpenochaobasta.blogspot.com.br/

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