Sorry Mom, but you suck.


De todas as coisas da vida, uma das únicas das quais eu tenho certeza que nunca fui, é o tipo de garota que cresce sonhando em casar e ser mãe. Ser esposa e mãe sempre esteve fora e bem longe de entrar no meu conceito, nunca achei que a minha pessoa pudesse levar jeito para a coisa.

A vida de um jeito ou de outro sempre muda as pessoas, e no final sempre acaba fazendo as coisas do jeito dela, e comigo, não foi diferente. Estou certa de que se disser que aos 15 anos adotei o desejo de ser mãe futuramente, críticas virão, mesmo que eu tenha mencionado "futuramente" em meu desejo.

Algumas marcas foram necessárias para que eu chegasse ao ponto de mudar meu conceito. Me considero uma pessoa sensível, e talvez eu nunca tenha enfrentado um problema grave de verdade, mas o meu "eu" entende que sim.

Nunca conheci meu pai, nomes, locais ou registros nunca existiram. Nunca morei com minha mãe, mas ela certamente já morou comigo, e mesmo assim sempre conseguiu a proeza de ser distante... Mas nada nunca a impediu de ligar, ou dizer "oi" com um abraço, quando passa para visitar, mas ela prefere dizer que é a melhor mãe do ano e do mundo, para todas as pessoas, e esquece de mostrar isso para quem deveria.

Todo lugar diz que o amor dos pais é o maior, e insubstituível, imagine que uma pessoa como eu, claramente sente que uma grande parte, ou quase todo o amor que ela deveria receber, não recebe, e nunca vai... isso cria uma tristeza, que eu chamaria de super estável, e ela fica maior ainda, quando os pais estão vivos, pois sabe que poderia estar sendo amada propriamente.

Todo mundo passa por momentos difíceis, mas nós não encaramos as coisas da mesma maneira. Existem pessoas fáceis de lidar, e as difíceis, que são claramente muito opostas, e eu sempre fui das mais difíceis. As pessoas difíceis, assim como as opostas, passam por momentos difíceis, mas para elas ele se torna mais difícil do que realmente é, o que as leva à pedir ajuda e se desesperar mais rapidamente.

Desde o jardim de infância, reuniões, bilhetes, e até mesmo quem me apresentou a escola pela primeira vez não foi ela, não foi a minha mãe. E isso continuou durante o fundamental, as minhas colegas me apresentavam à suas mães, que nos convidavam para um lanchinho da tarde no parque, e perguntavam quando iriam conhecer a minha mãe, e se eu puder ser franca, até hoje elas nunca conheceram. Isso continua no ensino médio, e eu já desisti mesmo. Ela nunca foi a mãe que pede para conhecer meus colegas, pergunta se você tem interesse em alguém, ou se tem algo errado, e sempre perdeu quando a comparei á outras mães. Triste mesmo foi quando ela finalmente reparou que havia algo de errado comigo, e me deu o endereço de um psiquiatra.

Às vezes, paro pra ler relatos de crianças adotadas, e satisfeitas com o que recebem em casa e isso me emociona. Outras vezes, vejo adolescentes grávidas espalhadas pela internet, e sinto vontade de pedir, pedir à deus (mesmo que de verdade, eu não tenha uma religião em sí), para que elas não sejam o tipo de mãe que a minha mãe é. E não ela não é a pior pessoa do mundo, mas está longe de ser o suficiente. Então se você não tiver em mente que ter um filho é muito mais do que comprar fraldas, e preparar mamadeira, e que não é admissível parar de cuidar dele até você esteja tão exausta que ele tenha que cuidar de você, não faça um filho.


Ser esposa e mãe se tornou um desejo com o tempo, para que eu possa dar à alguém aquilo que sempre desejei, e preencher o vazio que sinto dentro de mim com a felicidade que espero proporcionar aos meus filhos um dia, e para que quando eu finalmente descansar em paz, eu o faça sabendo que fiz a minha parte, e que aprendi como fazê-la sozinha.

                                                                 






 

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