Desabafo #9

Estava tudo bem por aqui, sabe? Eu havia terminado de tirar o pó e organizar tudo: sentimentos, ideias, sonhos, objetivos. Estava renovada, quase totalmente curada. E aí, você apareceu. Algum tempo atrás você tentou entrar e eu o impedi e dessa vez, nossa, dessa vez eu estava tão bem, com tudo tão em ordem, que não me importei: escancarei a porta. No começo eu gostei e me apeguei a tua presença e então você tirou tudo do lugar, bagunçou tudo como se o espaço fosse seu. Quando me dei conta, havia tanta coisa fora do lugar que me perdi na bagunça que você fez em mim. E em um dia qualquer, você decidiu sair e fechar a porta. Não sei como e nem quando isso foi acontecer, mas aconteceu e enquanto eu voltava a colocar as coisas no lugar, TOC TOC, você pediu para entrar novamente. Olhei toda a bagunça, vi que não valia a pena e mesmo assim, te deixei voltar.

Aquele apego que citei, ele falou bem mais alto. Ah, e foi bom te ter de volta! Mas, isso parecia o início de um ciclo vicioso: você bagunçou o pouco que estava no lugar e foi embora novamente.

Com você longe, com o coração doendo, com o apego chorando, tentei reorganizar as coisas aqui dentro. Já se passaram algumas semanas e, sabe, não tem um dia em que eu não sinta sua falta. Mas estou arrumando tudo, juro que estou! Logo vou estar bem por completo, logo vou estar curada. Enquanto cuido e limpo tudo aqui dentro, achei um vaso com o teu nome... O vaso está rachado. Fiz uma emenda rápida, porque ele não pode vazar. Não agora, não hoje e nem nunca.

 

Ah, e aqui está você, pedindo para entrar mais uma vez. Não, dessa vez não - deixei a porta trancada.